Um dos aspectos que gera polêmica naqueles que desconhecem a Umbanda em seus fundamentos básicos diz respeito a sua liturgia, que muitos têm como atrasada. Pois bem, acontece que cada coisa dentro de um templo umbandista, ali está por um determinado motivo. Nada é aleatório ou serve simplesmente como enfeite. Por trás de cada simples coisa, temos a movimentação das linhas de força da natureza, estruturas energéticas elementares que a tudo presidem e formam. Neste capítulo iremos abordar de forma superficial, porém objetiva e verdadeira, os objetos e aspectos diversos que constituem a parte esotérica da Umbanda. Esotérica, porque a maioria dos ritos superiores são velados, dado ao grau de entendimento e afinidade de nós encarnados ainda ser muito baixo, obrigando os mentores a usarem algo mais condizente com a nossa tônica vibratória, ou seja, com uma consistência energética que vem a fazer efeito por ressonância em nosso aura, em nossa psique, etc.
E que não se veja nisso nenhuma contradição, pois se alguém duvida que a grande maioria só responde a estímulos mais densos, basta observar por exemplo quais os tipos de música que mais fazem sucesso? Será uma música clássica? Dá o que pensar não é mesmo?
Tentemos então, respeitosamente, esclarecer algumas coisas acerca dos rituais umbandistas:
1. charutos e cachimbos:
Assim, à primeira vista, pode parecer incoerente uma entidade de luz “Fumar” um cachimbo ou charuto. E seria se realmente fumassem. Mas eles não fumam. O que fazem é se utilizarem dos elementos das ervas, juntamente com elemento ígneo (fogo) e aéreo (ar), para desestruturar larvas, miasmas e bactérias astrais que muitas vezes estão presentes no aura (para sermos mais simples) dos consulentes. É como se fosse uma defumação dirigida.
O uso deste material ainda é imprescindível na maioria dos terreiros, pois, como foi dito no começo, para lá vão pessoas com todo tipo de necessidade, muitas com problemas espirituais graves e que emanam correntes mentais intoxicadas, pensamentos pesados, agressivos, enfim, com desmandos causados pela invigilância e descaso para com sua própria conduta. E é para combater essa classe de coisas que os nobres mentores se passam a utilizar tais elementos, a fim de livrarem seus filhos de doenças e outros males. É, caro irmão de fé, nosso Planeta ainda é um grande hospital e, para cada doente, um tipo de remédio…
2. Guias e talismãs:
As guias são instrumentos dados pelos mentores a seus médiuns para que possam levar adiante sua tarefa. Elas não são pedidas às entidades. São escudos de defesa que impedem o médium de ser atingido por vibrações pesadas, por conterem elementos naturais de atração e repulsão de cargas astromagnéticas. Os mentores nos ensinam que, pelo fato de os espíritos momentaneamente encarnados e, mesmo alguns desencarnados, não conseguirem enxergar as entidades, dirigem toda uma classe de pensamento aos médiuns, sobrecarregando-os. O uso destas guias de vibrações várias são de inestimável valor para os médiuns.
Diferentemente dos talismãs, as guias são usadas apenas nas consultas e em outras condições especiais. São feitas de materiais encontrados na natureza e em quantidades e qualidade definidas pelos mentores, a depender da necessidade do médium. Os materiais usados são os que compõem os três reinos da natureza, o vegetal, o mineral, e mais raramente um animal (Búzios, conchas, etc.). Por fugir do objetivo desta simples matéria, em primeiro momento deixaremos de explicar como cada um desses reinos atuam e influenciam a constituição humana, podendo dizer entretanto, que isso se liga quando do estágio do homem antes de sua primeira encarnação, como elementar, nesses reinos…
Voltando ao tema, os talismãs, por sua vez, são de uso diário, quase sempre confeccionados de forma dirigida para cada pessoa. Ambos, porém, precisam ser imantados pois, caso contrário, não se prestam para nada, a não ser para enfeite. Essa imantação é feita em horários especiais e com determinados elementos atrativos e fixadores de luz astral. Visando também, digamos, acionar o circuito eletromagnético composto pelos materiais e inscrições da sagrada Lei de Pemba.
Desta forma, as guias e talismãs reforçam o aura da pessoa que o utiliza, vitalizando-o com energias positivas e tornando-se escudo repulsivo de cargas negativas. E não é necessária mais que uma guia bem preparada e imantada para fazer o efeito esperado. Por último, caro irmão em fé, você pode já ter visto em alguns terreiros onde os esclarecimento sobre a doutrina esotérica de Umbanda ainda não penetrou, por motivos vários, os médiuns utilizarem às vezes dezenas de guias de miçanga ou contas de vidro de várias cores, como a dar a entender que aquele médium é assistido por dezenas de entidades. O que em verdade acontece é que, por influência dos ritos de pajelança e mesmo africanos, aos quais esses terreiros estão mais ligados por questões cármicas, os médiuns aprenderam apenas por ver os outros usarem, que estas eram as certas, só que o vidro é isolante e portanto não conduz carga alguma, assim como as miçangas. A única coisa que atua realmente aí é o fator cromático, ou seja, a atuação que as cores têm sobre o mental do indivíduo. Como exemplo, temos um colar de miçangas brancas que devido aos atributos dessa cor, induzem o mental as coisas da paz, da pureza etc.. E quando se misturam as várias cores?
3. A Roupa Branca
O branco na verdade não é uma cor, e sim o somatório de todas elas e, por isso, traz consigo as propriedades terapêuticas de todas além de, como pode constatar o amigo leitor, ser essencialmente refletora, inclusive de cargas astrais. O branco, como já foi dito anteriormente, também favorece a mente estimulando a pensamentos mais puros e sublimes. Por tudo isso são usadas nos centros umbandísticos apenas roupas brancas. Também chamados, nos templos iniciáticos, de túnicas, elas são consideradas objetos ritualísticos e sagrados. Sendo assim, o médium deverá zelar por ela, aguardando-a em separado do restante das roupas, de preferência em uma sacola com algodão embebido da essência relativa ao Arásha, que preside a atual encarnação dele. Sua lavagem deverá ser feita também em separado, e sua secagem feita nas primeiras horas da manhã. O médium jamais deverá vir vestido de casa com a roupa de trabalho.Ele deverá, sim, colocá-la no momento em que entra no templo a fim de cumprir sua tarefa mediúnica.
É interessante notar que as pembas bordadas nas túnicas dizem respeito à entidade responsável pelo templo, a vibratória e grau a que pertencem, como também a energias por ela movimentada.
Cabe aqui, esclarecer ainda, que o médium em momento algum utiliza a roupa branca para parecer com um médico, como infelizmente temos ouvido alguns detratores do espiritualismo em geral apregoar. Os motivos são única e exclusivamente os citados acima.
4. Brados, assovios e pontos cantados
É muito freqüente as entidades de Umbanda logo que incorporam, emitirem certos assovios e brados, ou quando estão dando os chamados popularmente “passes”. No caso dos brados dados no momento da incorporação, são mantras, palavras vibradas que canaliza para o médium certas classes de energia, a depender da linha da entidade atuante, que logo se misturam ao aura do médium, equilibrando-o, regularizando o fluxo e equilibrando os chacras principais a serem utilizados na mecânica da incorporação, permitindo que o mentor possa atuar o mais desembaraçado possível naquele aparelho. São técnicas astrais superiores de manipulação de forças sutis vitais que somente esses grandes senhores da luz sabem movimentar. Temos por exemplo: quando uma determinada entidade da vibratória Arásha Xangô, logo ao incorporar emite um brado “Kaô”, de forma a parecer mais um trovejar surdo, mas emite também outros mantras. Indica que naquele momento estão sendo manipuladas – além das energias inerentes a Xangô – determinados entrecruzamentos vibratórios necessários aos trabalhos que irão ser realizados, visando equilibrar o campo mental e astral do médium que vai utilizar.
Os assovios não são diferentes. As entidades da Sagrada Corrente Cósmica de Umbanda conhecem bem a magia do som ou, em nível cosmogônico, a doutrina mântrica e a utilizam segundo a necessidade e a tônica vibratória a que pertencem, tudo visando promover a harmonia dos espíritos por ela tratrados. Assim, quando virem alguma entidade mantranizando desta forma, como descrito, já saberão que ali está sendo feita uma terapia e, portanto, há ciência, fundamento, e não primitivista como alguns mais desinformados costumam apregoar. Claro que aqui não entraremos em pormenores do assunto, pois o objetivo nesse momento é o de esclarecer o básico. No futuro, se Zamby permitir, haverá um aprofundamento gradual nesses conceitos. Por ora, é só.
Os pontos cantados, muito comuns nos terreiros, sejam eles de quaisquer grau, são mantras codificados. É claro que eles são dados pelas entidades, quando realmente incorporadas em seus médiuns e mais raramente pela sensibilidade astral. Quando assim o é, dizemos que esse ponto é de raiz. Os pontos cantados são verdadeiras preces e invocações que geram imagens positivas, induzindo todos as coisas da espiritualidade. E, para aproveitar seus benefícios, o Caboclo 7 Espadas aponta o seguinte caminho: “Procurem entoar os pontos cantados adequadamente, sentindo-os e não apenas cantando-os. Sinta-os em sua alma e verá surpreso, como você canta bem, como você está bem. O ponto cantado é o caminho vibratório por onde anda a gira. É o verbo sagrado, portanto entoe-os adequadamente, harmoniosamente…”. Portanto, caro irmão de fé, de agora em diante, comece a acompanhar de forma mais ativa a gira. Para isso procure estudar bem a entonação e a letra e só depois de bem aprendida comece a cantar. Você verá como se sentirá mais em paz e equilibrado. Experimente e verá!
E, para acabar esse tópico diremos que cada ponto possui um ritmo particular, que por sua vez indicam uma freqüência ligada as linhas espirituais de que se originam. Vejamos o quadro abaixo e entenderemos melhor este aspecto:
a) vibração espiritual de Oxalá – os sons de seus pontos são místicos e predispõem as coisas do espiritual;
b) vibração espiritual de Ogum – seus sons são vibrantes, induzem ao despertar da fé verdadeira e pura;
c) vibração espiritual de Oxóssi – seus sons são imitações da harmonia da natureza e ajudam no equilíbrio psíquico;
d) vibração espiritual de Xangô – seus sons são graves, são cantados baixos, reforçam o campo astral e portanto emocional;
e) vibração espiritual de Yorimá (pais-velhos) – seus sons são dolentes, melancólicos, predispõem a meditação, ao auto-conhecimento;
f) vibração espiritual de Yori (crianças) – seus sons são alegres, predispõem ao bom ânimo;
g) vibração espiritual de Yemanjá – seus sons são suaves, predispondo a renovação afetiva e emocional.
5. Os pés descalços
Na Umbanda, todos os médiuns e consulentes participam descalços, para que haja uma desimpregnação pelos pés das correntes negativas que são desagregadas pelos mentores. A terra é absorvedouro natural de cargas energéticas, facilitam na desimpregnação da pessoa que está sendo atendida. Esse é um dos motivos pelo qual o nosso santuário é coberto com areia da praia.
Outro aspecto é que os sapatos trazem consigo toda a sujeira da rua, não só física como eventualmente astral, sendo assim…
6. Estalar de Dedos
Como dissemos logo no início, tudo na Umbanda tem um porquê, o problema é que nem sempre conseguimos alcançá-lo. Logo no começo de minha jornada dentro do movimento umbandista, uma das coisas que me chamava bastante à atenção era o fato das entidades estalarem bastante os dedos. Mais tarde vim a saber que assim o fazem, para ativarem o chamado monte de Vênus, aquela parte gordinha da mão que está ligada à sensibilidade. Assim, quando estalam os dedos, as entidades estão em verdade dando um impulso no corpo astral do médium, facilitando e ajustando-o para a incorporação, e mesmo manipulando determinadas correntes em benefício do aparelho mediúnico ou do consulente.
Mecanismo parecido é aquele utilizado quando as entidades batem no peito. Ela fazem isso no plexo cardíaco, visando equilibrar emocionalmente o médium, pois ativa essa região com essas pequenas batidas da mão, com todos seus núcleos de energia sobre o peito. Mas vejam bem: as batidas são fracas e não como a estourar o peito do médium. Acontece que, às vezes, por vaidade, e por estar no começo de seu adestramento, o médium se excede um pouco, mas isso não parte absolutamente da entidade, e sim do médium. Que fique bem entendido.
7. Uso do marafo (aguardente) e outros líquidos
Na magia de Umbanda e Kimbanda utiliza-se elementos hídricos-eólicos de acordo com o que o operador ou médium magista for realizar. O aguardente ou marafo, vinhos, licores, champanhe etc., são as bebidas alcoólicas ou curiadores como são mais conhecidos nos cultos de nação. Além das bebidas, são também utilizados água, éter, álcool, azeite etc., que são elementos líquidos e voláteis possuidores de equivalência no éter refletor, ou seja, tem a sua contraparte astral com a qual acasala-se e condensa ou projeta as vibrações que são firmadas na oferenda.
O uso de qualquer desses líquidos vai depender essencialmente do tipo e finalidade da oferenda ou do trabalho que é feito, se para imantação ou neutralização de energias várias, sabendo-se que nunca deverá ser utilizado para fins negativos e ou prejudiciais. A magia de Umbanda e Kimbanda que recebe a cobertura do astral superior, é a magia branca, pois que a magia negra só tem aceite no astral inferior. Portanto, quer em oferendas ou trabalhos magísticos que se faça na Umbanda ou kimbanda, o operador ou médium magista deverá incondicionalmente voltar-se para fins positivos, justos e dentro da lei, caso contrário, certamente receberá sua punição que vem determinada pela própria lei e é executada pelos Exus Guardiões.
O que é preciso que fique claro é que esses elementos líquidos não são utilizados para servirem de bebidas aos Exus , não! Sua finalidade é puramente magística e presta-se para fins de movimentação de forças sutis. Bem com, juntamente com os demais elementos das oferendas, formarem escudos elementais, inclusive em caso e usos especiais para dar maior frequência vibratória ao corpo astral do médium magista para que não sofra bruscas agressões quando está em trabalho descargas várias, ou desmanche de magia negra.
Quando as bebidas ou especialmente o marafo é utilizado pelo médium, isso em casos raros, a entidade responsável jamais o faz deixando o médium bêbado. Este porém, é um eró, que não pode ser mais aprofundado aqui.
Portanto, eis a real finalidade de se usar as bebidas e demais líquidos nos trabalhos magísticos para fins diversos.
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