A Umbanda e os 14 orixás

No decorrer de um século de existência da Umbanda vários arquétipos ou formas de apresentação nas incorporações se consolidaram e firmam-se no imaginário popular, místico e religioso umbandista… ou não é verdade que as incorporações já tornaram-se tão caracterizadas que todos reconhecem quando é um Caboclo, um Preto-velho ou uma Pomba-gira que incorporou em seu médium?

Isso já acontece tanto com os Guias Espirituais, todos identificados por suas linhas de trabalhos e seus nomes simbólicos quanto com as linhas de Orixás, que também têm seus manifestadores espirituais.

Ou não é verdade que:

* Quando canta-se para Yansã manifestam-se, incorporam e giram espíritos “Yansãs”.
* Quando canta-se para Yemanjá, incorporam e giram espíritos de “Yemanjás”.
* Quando canta-se para Xangô, incorporam e giram espíritos “Xangô”.
* Quando canta-se para Ogum, incorporam e giram espíritos “Oguns”.
* Quando canta-se para Oxum, incorporam e giram espíritos “Oxuns”.
* Quando canta-se para Oxossi, incorporam e giram espíritos “Oxossis”.
* Quando canta-se para Nana, incorporam e giram espíritos de “Nanãs”.
* Quando canta-se para Oxalá incorporam e giram espíritos de “Oxalás”.
* Quando canta-se para Omulú, incorporam e giram espíritos de “Omulús”.
* Quando canta-se para Obaluaiyê, incorporam e giram espíritos “Obaluaiyês”.
* Quando canta-se para Oxumarê, incorporam e giram espíritos “Oxumarês”.
* Quando canta-se para Obá, incorporam e giram espíritos “Obás”.
* Quanto canta-se para Oyá´Logunan, incorporam e giram espíritos “Oyás-Logunãns”.
* Quando canta-se para Egunitá incorporam e giram espíritos “Egunitás”.

Esses quatorze cantos e incorporações acontecem naturalmente em todos os centros de Umbanda que já adotaram as sete irradiações divinas bi-polarizadas como sendo as sete linhas da Umbanda.

São quatorze cantos diferentes; são quatorze danças ritualísticas diferentes; são quatorze Orixás manifestados por seres espirituais e naturais regidos integralmente por eles e que, quando incorporam nos médiuns umbandistas, eles são os representantes desses quatorze Orixás e nós os denominamos como manifestadores naturais dos Sagrados Orixás.

Nós os temos como Orixás da natureza porque cada um é associado a um elemento formador da natureza terrestre.

Essas quatorze manifestações de seres Orixás da natureza, em incorporações especificas e com suas danças ritualísticas tipicamente umbandistas criaram para a Umbanda quatorze incorporações arquetípicas identificadoras dos Orixás regentes das Sete Linhas irradiações Divinas formadoras do Setenário Sagrado Umbandista.

Observem que, além da incorporação arquetípica de Caboclos, de Pretos-velhos, de Baianos, de Boiadeiros, de Marinheiros, de Crianças, de Exús e de Pomba Giras que já acontecem em todos os Centros de Umbanda quando se canta para essas linhas de trabalhos espirituais, também existem as quatorze incorporações características, associadas aos Orixás regentes dos quatorze pólos das Sete Linhas de Umbanda.

É certo que não são todos os centros umbandistas que cultuam e louvam os quatorze orixás e realizam engiras (ou giras) periódicas para cada um deles, sendo que a maioria limita-se aos Orixás Oxalá, Yemanjá, Ogum, Oxum, Xangô, Yansã , Oxossi e Nãnã. Mas que se, cantarem e invocarem os outros orixás eles também lhes enviarão seus manifestadores naturais que incorporarão nos seus médiuns e farão suas danças ritualísticas bem características, adaptadas das danças rituais existentes a séculos no Candomblé.

Não são exatamente iguais porque foram pensadas e desenvolvidas para o Ritual de Umbanda e os passos, os movimentos das mãos e dos giros obedecem ao ritmo e aos cantos religiosos umbandistas.

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Mas eles existem e já estão sendo adotados gradualmente por muitos centros de Umbanda, antes limitados à louvação de apenas alguns Orixás.

Isso, sem considerarmos os centros que cantam para os Orixás e neles só acontecem incorporações de guias espirituais.

Nisso tudo ninguém está errado porque a grande abertura dos Orixás na Umbanda ocorrerà nesse seu segundo século de existência, quando eles se firmarão de forma indelével e definitiva nela e imporão lentamente suas presenças arquetípicas nas suas danças ritualísticas definindo todo um universo divino, natural e espiritual, reservado por eles para a religião umbandista.

Até o final desse segundo século de existência da Umbanda o seu universo religioso estará totalmente implantado no lado material e essas quatorze incorporações arquetípicas através de cantos e danças ritualísticas terão se popularizado de tal forma que serão vistas e tidas como de Umbanda e não surpreenderão a mais ninguém.

No momento, só é preciso que todos entendam que, em religião, tudo se processa de forma lenta e gradual porque tudo depende da aceitação e da assimilação através do Sentido da Fé, que rege a ação dos Mistérios Divinos cultuados religiosamente.

Em Religião nada deve ser imposto porque só é aceito, assimilado, internalizado e integrado naturalmente à religiosidade do ser se for um procedimento natural.

Assim foi como os Guias Espirituais e assim será com os Orixás: sem pressa, sem afoiteza, sem precipitação e sem alarde!

Tudo fluirá como a água que brota de uma nascente e que vai correndo lentamente desde o ponto mais alto para o ponto mais baixo, estabelecendo seu curso natural, que muitas vezes dá longas voltas, desviando-se dos obstáculos que surgem no seu caminho.

Não raro, muitos dos que hoje vivem à volta do grande “lago” religioso umbandista não sabem onde a sua corrente alimentadora nasceu e que distância percorreu para a formá-lo e beneficiar a tantos.

Só eventualmente um ou outro segue a corrente em sentido contrario e, só após muito esforço e persistência consegue chegar até a nascente sem desviar-se e seguir o percurso de outras correntes que também fluíram para aquela, que é a original.

Assim são com os rios e lagos, assim são com as grandes religiões que, ainda que recebam em seus longos cursos a adição de outras correntes, no entanto têm uma que é a sua corrente mestra e original que a caracteriza e a distingue, diferenciando-a das demais.

Assim foi com a Umbanda, que nasceu de uma “nascente” localizada no Estado do Rio de Janeiro, em 15 de novembro de 1908, na Federação Espírita de Niterói, quando o Caboclo das 7 Encruzilhadas incorporou em seu médium Zélio Fernandino de Morais e que, por ter sido convidado a se retirar (desincorporar), avisou a todos os presentes que no dia seguinte, as 20 horas incorporaria na Casa do seu médium, localizada à Rua Floriano Peixoto, 30 – Neves- RJ.

Ali, naquela data e local, no dia 16 novembro de 1908 brotou uma nascente religiosa denominada Umbanda, que serviu-se de um jovem de 17 anos de idade que pouco ou nada sabia sobre espiritismo e sim, sabia-se assediado por espíritos que o levaram até a Federação Espírita de Niterói para receber um passe.

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Essa nascente tem que ser preservada e muito bem zelada senão outros acabarão incorrendo no erro cometido por muitos outros umbandista que só iniciaram-se nela muitos anos depois da corrente original ter brotado através de Pai Zélio de Morais e do Caboclo das Sete Encruzilhadas, mas que quiseram apossar-se dela e do seu curso original, desviando-o para suas terras que, infelizmente para eles, eram  estéreis e improdutivas e nelas só nasciam ervas daninhas que não deixavam crescer as arvores frutíferas que só precisavam receber as águas da nascente original da Umbanda para darem saborosos frutos e abundantes sementes, tal como as que foram plantadas às margens da corrente original e tornaram-se multiplicadoras da Umbanda original fundada por Pai Zélio e pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas, estes sim, os responsáveis pelo nascimento de um rio que tanto se parece com o Amazonas (a herança indígena), com o São Francisco ( a corrente cristã) e com o Nilo (a corrente africana)

Quanto aos “córregos” criados posteriomente e para o qual quiseram puxar todos os umbandistas, revelaram-se correntes de águas turvas, não potável, e contaminadas com certos resíduos tóxicos que esterilizaram muitas das arvores frutíferas umbandistas e só serviram para alimentar as ervas daninhas da vaidade, da soberba e da prepotência.

Umbanda, só existe uma.

Quanto à visão que cada um tem dela, aí já é uma questão de pontos de vista, pois ela ainda não assumiu seus contornos finais e nem esgotou sua capacidade de assimilar novas correntes de águas límpidas.

Mas, se a Umbanda já tem cem anos de existência, isso não é nada se comparado à eternidade ã frente, não é mesmo?

Que cada um dê sua contribuição para o crescimento dela, mas que ninguém arvore-se como seu único dono ou o seu “papa”.

Todos têm o direito de colocar suas contribuições para a apreciação dos umbandista, que poderão assimila-las ou não.

Nós colocamos todo um manancial de conhecimentos desenvolvidos por mentores espirituais e fundamentados em mistérios divinos que estão na Umbanda, mas só visíveis para quem tem suas chaves interpretativas, muitas das quais já decodificadas dentro dos livros já publicados por mim nos últimos anos.

Mas vejo pessoas que, sem lê-los ou estudá-los com isenção e imparcialidade emitem seus pareceres condenatórios, como se a Umbanda fosse deles e de ninguém mais ou que são os únicos que podem ensiná-la ou escrever e falar sobre ela, sentindo-se melindrados ou ofendidos quando outros o fazem.

Considero isso hipocrisia porque, se todos concordam que a Umbanda não tem dono, então que cada um dê sua contribuição para sua expansão e seu crescimento e que seja respeitado, justamente porque quer fazê-lo, sempre pagando um preço muito alto por ousar fazê-lo dentro de uma religião que prega a tolerância mas esta cheia intolerantes para com seus próprios irmãos de fé.

A nossa contribuição esta sendo colocada gradualmente e se for boa será assimilada por muitos umbandista e se não for, com certeza será refutada no seu todo ou em muitas de suas partes.

Pai Rubens Saraceni.

Dani Machado

Umbandista, espiritualista e simpatizante da Ufologia. Médium atuante e Dirigente da CAE Vovó Catarina e Caboclo Ventania - Terreiro de Umbanda situado em Jacareí - SP