Fio de contas, Cordão de Santo, Guias

Guia, conhecidas também como “Cordão de Santo”, “Colar de Santo” ou “Fio de Contas”, são ritualisticamente preparadas, ou seja, imantadas, de acordo com a vibração de quem as irá utilizar (médium e entidade), e conforme o objetivo a que se destinam.

São compostas de certo número de elementos (contas de cristal ou louça, búzios, Lágrimas de Nossa Senhora, dentes, palha da costa, etc.), distribuídos em um fio (de Aço, Náilon ou fibra vegetal), obedecendo a uma numerologia e uma cronologia adequada; ou ainda, de acordo com as determinações de uma entidade em particular.

As contas de louça lembram, por sua composição, a mistura de água e barro, material usado para criar o mundo e os homens, por isso são as mais usadas.

Para que servem

•       Têm poder de elevação mental. Se utilizadas durante um trabalho espiritual, tem função de servir como ponto de atração e identificação da vibração principal e/ou falange em particular, atuante naquele trabalho, servindo assim como elemento facilitador da sintonia para o médium incorporado. Elas nos auxiliam em nossas incorporações, pois estas atraem a “energia” particular de cada entidade, captando e emitindo bons fluidos, formando assim, um círculo de vibrações benéficas ao redor do médium que as usa.

•    Servem como pára-raios. Se há uma carga grande, ao invés desta carga chegar diretamente no médium, ela é descarregada nas guias, e se estas não aguentarem, rebentam.

•    Podem ser utilizadas pelo médium, para “puxar” uma determinada vibração, de forma a lhe proporcionar alivio em seus momentos de aflição.

Que Guia Utilizar:

Ao ser batizado na Umbanda, o filho de santo recebe a guia de Oxalá e a de Iansã (Orixá que rege nossa casa). Ao fazer as demais iniciações, vai recebendo as guias correspondentes.

A seguir, conforme o desenvolvimento do médium, as entidades do médium poderão pedir que se confeccionem suas guias de trabalho.

Existem também as guias “especiais”, como por exemplo, a “guia de sete linhas”, a “guia de aço”, etc., cuja necessidade e cores, serão determinadas pelo guia chefe da casa.
Devemos entender que a proteção maior, encontra-se na guia de Oxalá; guia esta, normalmente a primeira a ser consagrada ao médium, feita basicamente p/ nossa proteção.

As guias devem ser tratadas pelos médiuns com todo carinho e o máximo de respeito, pois elas representam o Orixá e a segurança do médium.

Confecção da Guia

Dependendo o ritual de cada terreiro deve ser feita uma firmeza (acendendo uma vela, por exemplo) antes de montar a guia.

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Para montar uma guia, deve-se estar em silêncio, com respeito. As contas, miçangas, etc. são enfiadas uma a uma no fio.

Toda guia deve ser fechada e cruzada pelo chefe de terreiro, seja pela Mãe/Pai de Santo ou pelos Guias Espirituais Chefes de seu terreiro. As guias podem ser cruzadas com pemba, ou com um amaci com as ervas do Orixá, ficando de molho por 3 dias e depois estão prontas.

Ter uma guia no pescoço, sem esta estar consagrada e imantada não representa nada, energeticamente falando, seria apenas mais um colar.

Abaixo, os materiais, contas e cores principais dos Orixás e entidades:

OXALÁ      Contas brancas (leitosa).
OXOSSI      Contas verdes.
XANGÔ      Contas marrons.
OGUM      Contas vermelhas.
YEMANJÁ  Contas transparentes.
OXUM      Contas de cristal azul claras.
YANSÃ      Contas amarelas.
NANÃ      Contas roxas.
OBALUAYÊ Contas pretas com contas brancas.
PRETOS VELHOS     Contas pretas com contas brancas, lágrimas de Nossa Senhora Sementes,  cruzes, figas (arruda, guiné,etc.)
CRIANÇAS     Contas rosa e contas azuis, (podem incluir diversas cores), etc.
CABOCLOS     Contas verdes (podem incluir outras cores), sementes, dentes, penas, etc…
BOIADEIROS     Contas verdes (podem incluir outras cores), olho de boi, sementes, dentes, pedaços de couro, etc.
MARINHEIRO      Contas de cristal transparente ou leitosas, azuis, brancas.
BAIANOS     Idem aos boiadeiros.
EXU/POMBO GIRA     Contas pretas com contas vermelhas; ou contas pretas com contas brancas; além de instrumentos de ferro, aço, etc.
MALANDROS     Contas vermelhas com contas brancas; além de instrumentos de ferro, aço, etc.

Normalmente as guias são confeccionadas seguindo um “padrão da Casa”.

Na nossa casa as contas para os Orixás, são feitas nas cores descritas na tabela anterior, podendo ser de louça ou de cristal (de acordo com o Orixá e da posição que o mesmo ocupa na coroa do médium).

Segue-se o seguinte padrão: Firma, conta, miçangas em número correspondente ao orixá, conta, firma. Depois seguimos com: conta, miçangas em número correspondente ao orixá, conta, miçangas em número correspondente ao orixá, conta, etc. Terminando com uma conta antes da firma inicial.

Por Exemplo:

Iansã (cujo número é 9):
[___]OoooooooooO[___]OoooooooooOoooooooooOoooooooooOoooooooooO

o  = Miçangas. (o número correspondente ao orixá, entre uma e outra conta)
O = Conta
[___] = Firma.

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Depois de colocada no pescoço a Guia deve alcançar até abaixo do umbigo.

O Fio de Contas de Exu é colocado no pulso, nunca passando pela cabeça do umbandista.

O Fio de Contas da Iansã da Casa (que é recebido no batismo) possui as firmas brancas, e as firmas e contas em cor coral, diferentemente da guia que é confeccionada para o Orixá Iansã em uma iniciação do médium.

Cuidados no Manuseio e Uso da Guia

São elementos ritualísticos pessoais, individuais e intransferíveis, devendo ser manipuladas e utilizadas somente pelo médium a quem se destinam.

Deve-se observar que cada indivíduo e cada ambiente, possuem um campo magnético e uma tônica vibracional própria e individual. A manipulação das guias por outras pessoas, ou ainda, seu uso, em ambientes ou situações negativas ou discordantes com o trabalho espiritual, fatalmente acarretará uma “contaminação” ou interferência vibracional.

Pelos motivos expostos, o uso de guias pertencentes ou recebidas de outras pessoas, é uma pratica normalmente desaconselhável a um médium.

O Pai/Mãe de Santo, Pai/Mãe Pequenos ou Ogâs podem eventualmente ceder sua guia para uso de algum médium durante uma sessão específica, caso o mesmo encontre-se sem sua própria guia.

Enquanto estamos usando as guias devemos observar algumas recomendações:
•    Não se alimentar (exceto em ritual).
•    Não ingerir bebidas alcoólicas (exceto em ritual).
•    Não manter relação sexual.
•    Não ir ao banheiro
•    Não tomar banho.

Em qualquer destes casos, deve-se retirar a guia e guardar, ou entrega-la para o Pai/Mãe de Santo, Pai/Mãe Pequenos ou Ogâs para que tomem conta das mesmas.

Como vimos as guias são elementos ritualísticos muito sérios e como tal que devem ser respeitados e cuidados. Seu uso deve se restringir ao trabalho espiritual, ao ambiente cerimonial (terreiro) e aos momentos de extrema necessidade por parte do médium. Utilizar a guia em ambientes ou situações dissonantes com o trabalho espiritual, ou por mera vaidade e exibicionismo, é no mínimo um desrespeito para com a vibração a qual representam.

Devem ser sempre limpas e guardadas no terreiro ou em algum lugar longe do alcance e visão dos curiosos. Lembre-se que as guias são objetos sagrados e como tal devem ser tratadas.

Um detalhe importante é de tempos em tempos, descarregarmos nossas guias com água do mar ou da chuva, e depois energizá-las com amaci, buscando sempre o aconselhamento de um dos dirigentes sobre como proceder.

Dani Machado

Umbandista, espiritualista e simpatizante da Ufologia. Médium atuante e Dirigente da CAE Vovó Catarina e Caboclo Ventania - Terreiro de Umbanda situado em Jacareí - SP