Linha dos Marinheiros na Umbanda

Aos poucos eles desembarcam de seus navios da calunga e chegam em Terra. Com suas gargalhadas, abraços e apertos de mão.

São os marujos que vêm chegando para trabalhar nas ondas do mar.  Os  Marinheiros   são   homens   e  mulheres   que   navegaram  e   se  relacionaram com o mar. Que descobriram ilhas, continentes, novos mundos. Enfrentaram o ambiente de calmaria ou de mares tortuosos, em tempos de grande paz ou de penosas guerras. Os Marinheiros trabalham na  linha de  Iemanjá e Oxum  (povo d’áqua),  e  trazem uma mensagem de esperança e muita  força,  nos dizendo que se pode   lutar   e desbravar  o desconhecido,  do nosso  interior  ou do mundo que nos rodeia se tivermos fé, confiança e trabalho unido, em grupo.

Seu  trabalho  é   realizado  em descarrego,  consultas,  passes,  no desenvolvimento dos médiuns   e   em  outros   trabalhos   que   possam  envolver   demandas.  Em muito,   seu   trabalho   é parecido com o dos Exus. Dificilmente um leigo irá notar a diferença entre alguns marinheiros e os Exus na ora da gira,  pois alguns Exus vêm com  todos os  trejeitos dos Marinheiros e com outros nomes, é quase imperceptível.

Linha ou falange dos marinheiros tem sua origem na linha de Iemanjá e são chefiados por uma entidade conhecida por Tarimá. São espíritos de pessoas que em vida foram marinheiros.  São muito brincalhões e normalmente bebem muito durante os trabalhos, por esse motivo a sua evocação não é muito freqüente,  o plano espiritual  superior os evoca para descarga pesada do
templo, desta forma a eles podemos pedir coisas simples, eles não são muito dados a falar ou dar consultas.

A descarga de um  terreiro uma vez efetuada será enviada ao  fundo mar  com  todos os fluidos nocivos que dela provem. Os marinheiros são destruidores de feitiços, cortam ou anulam todo  mal   e   embaraço   que   possa   estar   dentro   de   um  templo,   ou   ainda,   próximo   aos   seus freqüentadores.

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Nunca andam sozinhos, quando em guerra unem-se em legiões, fazendo valer o principio de que a união faz a força, o que os torna imbatíveis nesse sentido. Alguns representantes mais conhecidos:

Maria do Cais
Chico do Mar
Zé Pescador
Seu Marinheiro Japonês       
Seu Iriande
Seu Gererê
Seu Martim Pescador 

Da  linha do Povo D’água ou de Iemanjá,  geralmente baixam para beber  e brincar  podem-lhe  ser  pedidos  coisas   simples.  Não é muito   aconselhável   a   incorporação   dessas   entidades aos médiuns em desenvolvimento,   devido   a quantidade de bebida que ingerem. Com doutrinação, porém, eles não bebem em excesso. Vem com seus  bonés,  calças,  camisa e  jaleco,  em cores brancas  de marinheiros e azul marinho de capitães de barco.

Nunca se oferece a eles conchas, estrelas do mar ou outros objetos do mar,   pois   como   Marinheiros   que   são,   consideram   que   ter   objetos pertenecentes ao mar traz má sorte, a exceçao dos búzios (que não consideram
como   adornos,   e   sim  como   símbolo   de   dinheiro).   Este   povo   recebe   as oferendas na orla do mar em lugar seco sobre a areia.

A gira de marinheiro e bem alegre e descontraída. Eles são sorridentes e animados,  não tem tempo ruim para esta falange.  Com palavras macias e diretas eles vão bem fundo na alma dos consulentes e em seus problemas.  A marujada coloca seus bonés e, enquanto trabalham, cantam, bebem e fumam. Bebem Whisky, Vodka, Vinho, Cachaça, e mais o que tiver   de   bom  gosto.   Fumam  charuto,   cigarro,   cigarrilha   e outros fumos diversos.

Em   seus   trabalhos   são   sinceros   e   ligeiramente românticos, sentimentais e muito amigos.  Gostam de ajudar àqueles e àquelas que estão com problemas amorosos ou em procura   de   alguém,   de   um   “porto   seguro”.   A   gira   de
marinheiro,   em   muito,   parece   uma   grande   festa,   pela   sua   alegria   e
descontração,   mas   também,   existe   um   grande   compromisso   e responsabilidade no trabalho que é feito.

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Seus   integrantes   se   apresentam  com  a   aparência   de  marinheiros   e   pescadores,   gente acostumada a navegar. Representam o homem do mar, bebedor, mulherengo, que gosta de beber com os amigos nos bares e cantar alguma canção.  São alegres e encaram os problemas de um ponto de vista simples. Caminham balançando-se de um lado para o outro, como se estivessem mareados. Bebem de tudo, pois na hora de beber nada recusam, fumam também de tudo: cigarros de palha, cigarros, cigarrilhas e até cachimbo.

Se relacionam com os amores ilícitos, passageiros e encontros esporádicos com amantes. Também se pede a eles que nos protejam nas viajens pelo mar e que nada de mal nos ocorra. Como qualquer outra entidade de umbanda dão conselhos.

As mulheres deste povo representam as mulheres que trabalham nas cercanias dos portos exercendo   a   prostituição   e   servindo   bebidas   nos   bares,   onde   se   juntavam  para   beber   os Marinheiros,  Malandros   e  Ciganos,   realizando   seus   negócios   e  muitas   vezes   comprando   o contrabando trazido nos barcos.

MARINHEIROS NO CATIMBÓ

São   também   grandes   Mestres   da   jurema   e possuidores de um grande ensinamento.  São em geral marinheiros, marujos, navegadores e pescadores que na maioria tiveram seu desencarne nas águas profundas do mar. São comandados e chefiados pelo Mestre Martim Pescador,  grande catimbozeiro e que  trabalha com as energias das águas do mar.

Em comum não são possuidores de giras próprias e se fazem presentes nas giras do Catimbó. Em algumas regiões são conhecidos como marujeiros. Quase sempre se apresentam bêbados, e tem em suas danças o balanço das ondas do mar. Suas cores são o branco e azul, vem quase sempre vestidos de marujos, tem no peixe o seu símbolo máximo, comem todos os tipos de frutos do mar e bebem também a cerveja e a cachaça. Sua saudação é TRUNFÊ, TRUNFÁ TRUNFÁ REÁ, A COSTA MARUJADA!!!

Dani Machado

Umbandista, espiritualista e simpatizante da Ufologia. Médium atuante e Dirigente da CAE Vovó Catarina e Caboclo Ventania - Terreiro de Umbanda situado em Jacareí - SP