Exu é um orixá muito importante e foi o terceiro elemento criado diretamente por Olorun, com a mesma matéria que seria usada, mais tarde, para a criação da Terra e das criaturas. Nasceu para ser um comunicador, fazendo a ligação entre todos os orixás e os seres criados. Mas, se engana aqueles que insistem em afirmar que Exu não é bom nem mal. Na verdade os Exus em evolução podem até estarem nessa fase, por estarem ainda em evolução, mas, os Exu de Lei, não se prestam aos caprichos de magos e médiuns, pelo contrario eles são muito competentes em cumprir a Lei do Carma como também para punir os espíritos malignos.
Exú é sempre reverenciado em primeiro lugar, antes de qualquer outro orixá, para que todas as oferendas e obrigações cheguem ao seu destino. Sua função é a de intermediário, ou elemento de transição, entre o céu (orun) e a Terra (aiye). É ele quem carrega todos os ebós para os lugares designados, mas isso, ao contrário de ser uma função subalterna, é essencial para promover a limpeza de toda energia negativa. De nada adianta oferecer um banquete completo para um determinado orixá, se Exu não for devidamente reverenciado para ser o portador da mensagem que está contida na oferenda.
As funções de Exu são muitas, e todas de extrema importância para o equilíbrio do universo, como, por exemplo, estabelecer a comunicação entre nós, seres humanos, e o nosso orixá ou protetor particular. Todos nós temos um Exu, que é individualizado, com suas formas, ou qualidades, bem definidas.
Todos têm Exu, mesmo aqueles que o tratam como demônio.
Sem ele, não existiria vida, evolução, movimento, crescimento, dinamismo; enfim, estaríamos completamente estagnados e sem rumo.
Exu é o guardião de todas as passagens, inclusive entre o céu e a Terra, e das porteiras que existem em nosso mundo. É muito importante que ele fique guardando a entrada, para não deixar passar influências negativas e pessoas maléficas que possam nos prejudicar. Alguns babalorixás evocam o orixá Exu para render-lhe homenagem, mas, logo em seguida, pedem que ele vá embora para não atrapalhar as cerimônias sagradas. O que se deve fazer é pedir que ele fique guardando a porta de entrada do barracão para impedir a entrada de eguns e das oxorongás.
Não apenas os seres humanos, mas todos os seres vivos do mundo, têm o seu Exu, assim como todos os orixás (com exceção de Iroko), e todos os presságios, ou Odús do jogo de Ifá, e até mesmo Exu, têm seu próprio Exu. Interessante Né? Mas, é verdade. É a questão basica do Juntó atuanto em escalas desde o Plano Astral até o Plano Fisico. No entanto, esse segredo é muito mais profundo do que se possa imaginar.
Esse orixá não tem nada em comum com alguns rituais em que o sacerdote usa longas capas pretas, como as do conde Drácula. A pessoa reage como se estivesse incorporada por um espírito terrível e vingativo, fazendo trejeitos e vociferando coisas hediondas. Na verdade a energia de Exu é um espelho e reflexo do proprio medium. Tem exus, pacificos que vibram na frequencia de um orixá pacifico e ordeiro. Que desordena o Exu é o proprio medium. Pois a real função de exu é ajudar o medium a controlar seus desejos ocultos inconcientes e não força-lo a ser um viciado ou desordeiro. Pelo contrario ele vem ajudar a manter a ordem de seu proprio ser.
Um outro desrespeito, ou equívoco, que se comete contra esse orixá é o fato de associá-lo aos malandros de rua, cafetões e pessoas sem caráter, vestindo ternos brancos, gravatas vermelhas, cartolas e bengalas.
Existem também as mulheres que se vestem com roupas de cabaré, usando piteira e taças de champanhe. Esses tipos de roupas e atitudes não pertencem à cultura de Exu. Exu é um ser encantado que tem como características a astúcia e a perspicácia, sabendo exatamente como achar os pontos fracos dos seres humanos, e isso não tem nada a ver com malandragem. Mas, a grande maioria dos Exus que trabalham no plano físico se apresentam assim para testar os chefes do terreiro e pra ajustar a frequência vibratória do médium.
Exu é um orixá que conhece o íntimo do ser humano porque foi criado do mesmo material que nós. Exu sabe tudo o que nós precisamos para viver, como trabalho, dinheiro, moradia, amor, sexo, etc. Ele está intimamente ligado a nós e ao nosso protetor; por isso, em determinadas situações e problemas, nós podemos recorrer diretamente a Exu, para que ele nos abra as portas e limpe nosso caminho dos obstáculos. Em nosso ser ele atua na frequência do subconsciente, ligando o Inconsciente ao Consciente servindo assim de filtro.
Toda casa de Candomblé reserva determinados dias por ano para prestar obrigações a esse orixá, tanto para o Exu de nação, como o do babalorixá e o de cada iniciado que já tiver assentado o seu. Nessas ocasiões, deve-se dar corretamente as oferendas sagradas para cada uma das formas ou qualidades de Exu reinantes nesses terreiros, ou seja, não realizar uma única oferenda para todos os Exus coletivamente, como fazem muitos babalorixás. Cada um tem sua preferência, ou, como dizemos no Candomblé, cada Exu come de uma determinada maneira. Portanto, não se pode dar uma comida comunitária para essas qualidade do mesmo orixá. Isso causa muita “quizila” nas casas que agem desta forma, desencadeando um processo inevitável de desagregação do axé (força, poder), além de uma crescente desunião entre os participantes, devido à falta de comunicação e harmonia. É preciso ter muito conhecimento sobre esse orixá para alcançar suas graças e não desrespeitá-lo a todo momento. As pessoas pensam que cada Exu é igual que recebe as mesmas coisas e quem tem o mesmo poder, cada um é cada um.
Nem todos os Exus ingerem bebidas alcóolicas. Conheço Exu que toma água e seu trabalho é tão ou mais forte que outros.
Ele diz que trabalhar com a pureza da água, faz com que a magia se torne mais forte.
Exu é muito importante no oráculo de Ifá, revelando os mistérios de cada Odú e de todos os orixás. Orunmilá, que recebeu dele o oráculo divinatório, é um orixá fun-fun, e a ele está intimamente ligado, com muita harmonia. Portanto, não existe “quizila” (espécie de incompatibilidade) entre os orixás fun-fun (branco) e Exu, ou com os orixás que carregam o vermelho ou o preto. O que existe é um respeito com as interdições de cada um.
Na concepção africana, a fertilidade é importantíssima, não só para a procriação, mas em todos os planos da existência, como na agricultura, por exemplo. A fertilidade existente no ser humano possibilita o seu desenvolvimento físico e mental, aguçando a sua criatividade e poder realizador.
Um outro aspecto de Exu é a expansão constante e infinita, que se traduz na própria evolução dos seres vivos, do planeta e do universo. Por esse motivo, a espiral é sua melhor representação.
A abertura dos caminhos também é de sua responsabilidade, sendo, por isso, constantemente evocado. Ogun, que também é o dono dos caminhos, é muitas vezes comparado a Exu, por suas particularidades. A diferença está na criação desses orixás. Exu foi o terceiro elemento criado diretamente por Olorun, e Ogun nasceu de outros dois orixás, sendo um eborá (orixá filho).
Exu, segundo a mitologia, adora inverter a ordem estabelecida, como, por exemplo, a mulher trabalhar fora de casa e o homem gerar as crianças e cuidar de todas as atividades do lar. Isso serve para incentivar mudanças e desenvolvimento. Além disso, ele é muito irreverente, adorando resolver e propor enigmas. Caminha no tempo e espaço com tranqüilidade, buscando coisas no passado, presente e futuro; por isso, é o detentor do oráculo divinatório, juntamente com Orunmilá.
As diferenças físicas que existem entre todos os seres, principalmente os humanos, é um atributo de Exu; caso contrário, seríamos exatamente iguais. A impossibilidade de comunicação entre os povos num mesmo idioma também se deve a Exu. Dessa forma Exu, também participou da criação do DNA humano como de outras especies.
As dezesseis formas mais conhecidas são: Yangí, Âgbâ, Igbá Ketá, Odarâ, Osijê, Oba Babá, Enú Gbarijó, Elégbará, Bará, Okôtô, Elérù, Odusô, L’onan, Ol’Obé, El’Ebó e Alafia. Exu sempre foi o mais alegre e comunicativo de todos os orixás. Olorun, quando o criou, deu-lhe, entre outras funções, a de comunicador e elemento de ligação entre tudo o que existe. Por isso, nas festas que se realizavam no orun (céu), ele tocava tambores e cantava, para trazer alegria e animação a todos.
Sempre foi assim, até que um dia os orixás acharam que o som dos tambores e dos cânticos estavam muito altos, e que não ficava bem tanta agitação. Então, eles pediram a Exu, que parasse com aquela atividade barulhenta, para que a paz voltasse a reinar. Assim foi feito, e Exu nunca mais tocou seus tambores, respeitando a vontade de todos.
Um belo dia, numa dessas festas, os orixás começaram a sentir falta da alegria que a música trazia. As cerimônias ficavam muito mais bonitas ao som dos tambores. Novamente, eles se reuniram e resolveram pedir a Exu que voltasse a animar as festas, pois elas estavam muito sem vida. Exu negou-se a fazê-lo, pois havia ficado muito ofendido quando sua animação fora censurada, mas prometeu que daria essa função para a primeira pessoa que encontrasse.
Logo apareceu um homem, de nome Ogã. Exu confiou-lhe a missão de tocar tambores e entoar cânticos para animar todas as festividades dos orixás. E, daquele dia em diante, os homens que exercessem esse cargo seriam respeitados como verdadeiros pais e denominados Ogãs.
Dia da semana: segunda-feira.
Cores: vermelho e preto.
Gêge: nesta nação denomina-se ELEGBA – BARÁ.
Domínios: caminhos, cruzamentos, alto das montanhas, etc.
Oferendas: padê, inhame com dendê, piquiri, etc
LIVROS RECOMENDADOS SOBRE: EXU
Livro – Orixá Exu – Fundamentação do Mistério Exu na Umbanda
Livro – O Exu do Fogo