Nanã Buruquê é tão antiga que, em muitos mitos, surge como criadora do mundo, no mesmo nível de Oxalá ou do supremo Olorum. Na Umbanda, recebe o carinhoso apelido de Vovó. Nanã é representada como a grande avó de energia amorosa e feminina, é a Ela que clamamos quando precisamos de nos auto-perdoar e nos libertar do passado. Ela representa o colo que aconchega acolhendo amorosamente nossas dores para nos ajudar a transformá-las com sabedoria.
Ela é a deusa dos pântanos, da morte (associada à terra, para onde somos levados após a morte) e da transcendência. Nanã é considerada a mais velha dos Orixás das águas, age com rigor em suas decisões, oferece segurança, mas não aceita traição. É uma figura muito controversa no panteão africano: ora perigosa e vingativa, ora desprovida dos seus maiores poderes, relegada a um segundo plano amargo e sofrido.
O sincretismo de Nanã é com Sant’Anna, avó maternal de Jesus, e padroeira dos professores. Nanã é um termo que expressa deferência por qualquer pessoa idosa e significa “Mãe” em diversos dialetos africanos.
Ela rege sobre a maturidade e cuida da passagem no estágio evolutivo do ser, adormecendo os espíritos e decantando as suas lembranças com o passado, onde ficam prontos para reencarnarem. Seu domínio é a lama, mescla de terra e água, de onde surge a vida. Está ligada à riqueza, à fertilidade, à morte e ao renascimento.
Na Umbanda, Nanã vem incorporada de forma calma, curvada e com movimentos circulares nas mãos, muito associada também aos Pretos-Velhos. Os domínios de Nanã ficam nos pântanos e áreas com águas calmas e paradas e embocas dos rios.
A Sabedoria de Nanã
“Sábia, poderosa e com uma enorme capacidade em lidar com as coisas da vida, Nanã é sincretizada por Santa Ana e tem a capacidade de atuar em nossos vícios e desequilíbrios mentais. Tem o domínio do esgotamento nos aspectos emocionais que tiram o ser da sua caminhada evolutiva.
No silêncio, Nanã concede a renovação
Na calmaria, o saber
Nas águas pantanosas, os mistérios de sua ancestralidade.
Nossa passagem pela terra é como a flor de lótus que nasce no lodo de seus pântanos e desabrocha em lindas flores sobre o espelho d’água. O lodo simbolizando nosso apego e desejos carnais enquanto a flor demonstra o ensejo da pureza e elevação espiritual. Nanã decanta, equilibra e nos ensina a respeitar antes de mais nada, as nossas próprias feridas. Todos nós passamos por situações ruins, mas saiba que há lições valiosas desses momentos.
Certa lenda diz que Ogum, ao passar pelos pântanos da Senhora das Águas não pediu licença. Nanã afirmou que deveria Ogum pedir licença. Ogum, orgulhoso, se negou. Ogum não pede. Ogum faz. Assim, ao entrar no pântano, foi afundando e teve que lutar para sair. Quase morreu. Ogum chamou Nanã de feiticeira e disse que iria cravar o pântano com lanças para cortar a carne de Nanã. Nanã disse: “Tu és poderoso, jovem e impetuoso, mas precisa aprender a respeitar as coisas. Por minhas terras não passarás, garanto”. Ogum teve que achar outro caminho.
Aprenda a respeitar Nanã e você estará respeitando toda a sua ancestralidade.
Salve a Senhora Mãe de todas as Mães Nos refugiamos em Nanã.
Dia 26 de Julho, dia dos avós, Nanã e Santa Ana.”
Sincretismo: Nossa Senhora de Sant’Anna
Sexo: Feminino
Cor: Verde água, lilás ou violeta
Características: Senhora do tempo e da sabedoria. Calmaria nos estudos e no trabalho, retira a angústia.
Ferramenta: Canjica Branca, palha, velas e fita branca
Flor: Crisântemo branco ou roxo, rosa e palma branca
Ervas: avenca, cedrinho, erva-cidreira, manjericão de folha roxa, folha de limão, lágrimas de Nossa Senhora (folhas), rosa branca (folhas), erva-de-santa-luzia, quina roxa, abóbora dantas, vitória-régia, folha da fortuna, samambaia, melão de São Caetano.
Oferendas: champagne rosé, vinho de cereal, calda de ameixa ou de figo, melancia, uva, figo, ameixa, melão, mingau de sagu, milho branco e arroz
Guia: contas de cristal verde água, lilás ou violeta ou ametista
Local: Emboca do rio, lama do fundo dos rios, pântanos, mangue
Comemoração: 26 de julho
Saudação Nanã: Saluba Nanã (dona do pote da Terra)