Hoje sem dúvida, o maior problema que vejo dentro da Umbanda é a mistificação.
Não sei se ainda vou ver nessa vida uma Umbanda que tanto sonho. Uma Umbanda praticada com igualdade, seriedade, fraternidade e amor.
Falo sempre para os médiuns que trabalham comigo: não está bem? não trabalhe. Mas venha ao trabalho e Ore.
Ninguém está livre das tribulações do dia a dia, entretanto, vejo que, como tratamos de espíritos enfermos, sejam eles encarnados ou desencarnados, nossa responsabilidade triplica.
O estudo, então, nem se fale. Não podemos deixar tudo nas mãos dos Guias. É preciso dividir o fardo. É por isso que trabalhamos em conjunto. E conjunto significa mais de um e não um sozinho.
Tenho visitado algumas casas, no intuito de aprender, pois sendo ou não dirigente, a premissa do aprendizado deve constar sempre em nossos corações. Entretanto, embora esteja vendo algumas coisas boas, as ruins vem sendo superadas pela mistificação, pela vaidade do médium, ao ponto de uma determinada dirigente me dizer que o Centro dela é simples, que ali praticam a caridade, mas que ela deixa tudo nas mãos dos Guias, e por isso ali não se é cobrado estudo nenhum do seu corpo mediúnico. A fim de que (obviamente) os alunos não superem o mestre, que vem aprendendo e herdando de seus antepassados as mandingas, etc.
Num determinado ponto da gira me deparei com vários Preto-velhos tomando cachaça (nunca vi isso) acabaram com 1l de velho barreiro.
Depois um “baiano” começa atender sem ter baiano (qualquer vidente poderia “ver”). Em outra ocasião, me perguntaram se eu queria passar com algum Guia e diante da palhaçada me recusei dizendo que só estava pra aprender. Qual não foi minha indignação quando o cambono chefe sacode os ombros dizendo: não quer azar deles. Não tive dúvidas, puxei meus amigos pelo braço e sai, afinal quando compactuamos com as coisas erradas do mundo, estamos errando também.
Em outra situação, um preto velho perguntou-me se queria conversar, quase disse que não, mas vamos lá. Sim eu quero, disse a ele.
Fiz alguns pedidos, já sabendo que o preto velho em questão estava ao lado do médium, pois já havia me dito que não estava incorporado seu cavalo, e qual não foi minha indignação quando o “preto velho” seguindo minhas mãos enquanto eu escrevia sua receita, foi falando pausadamente cada letra que eu escrevia, inclusive falando datas com nós. Ex: 2 do 3 de 2013 (2/3/2013).
Ora amigos, é preciso estudar, é preciso respeitar essa religião para que os médiuns sérios não caiam em descrédito.
Somos sim passíveis de erro, mas não a esse ponto.
Não sejam vaidosos. Umbanda não é somente sacudir o esqueleto ao rufar dos tambores.
Umbanda é da Paz, é Amor, É caridade, é respeito, É fé.
Grande Axé!
Dani Machado