O que é Curimba?

Curimba é o nome dado ao grupo de Músicos e Cantores responsáveis pelo Canto e pelos Toques dos Pontos de Umbanda tocados durante as Giras. Esse grupo é composto de três atabaqueiros (algumas casas utilizam cinco), alguns cantores e outros músicos tocando instrumentos de percussão variados como: agogô, maracá, afoxé e as vezes berimbau e triângulo. Esses músicos e cantores normalmente são chamados de Ogãs ou Curimbeiros.

ATABAQUES

São os principais instrumentos da Curimba, responsáveis por conduzir os toques durante os Pontos. De uma forma geral, os Terreiros de Umbanda utilizam 3 Atabaques, sendo a formação mais tradicional composta da seguinte forma:

Rum – atabaque de som grave

Rumpi – atabaque de som médio

– atabaque de som agudo.

Normalmente o Rum fica próximo do Altar é tocado pelo Ogã mais experiente, mais não necessariamente.

PEQUENA HISTÓRIA

Inicialmente, nas primeiras casas de Umbanda, não eram utilizados Atabaques, eles foram introduzidos nas Giras em um segundo momento, a pedido dos Pretos Velhos, já que muitos deles haviam participado de Cultos Africanos quando encarnados.

FUNÇÃO DA CURIMBA

A Curimba, através do Canto e dos Toques dos Atabaques, é responsável por:

• Condução das Giras, tocando a sequencia de Pontos correspondente a todas as partes do trabalho: defumação, abertura, saudações aos Orixás, chamadas de Guias, etc, claro que junto com os comandos e saudações.

• Preparação energética dos médiuns e do ambiente do Terreiro para facilitar a incorporação dos guias. Os Guias Espirituais que trabalham na Umbanda quando vêm para o Terreiro para incorporar em seus médiuns trazem junto consigo grande quantidade de energia imantada dos Tronos de Força a qual estão ligados.

O Ogã ao puxar determinado Ponto de Chamada invoca, através do Toque de seu Tambor, do “jeito” como o Ponto é cantado e das palavras que são invocadas, a energia desses Tronos de Força, trazendo essa energia para dentro do ambiente do Terreiro, sensibilizando os Médiuns e preparando a chegado do Guia que vem trabalhar.*

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A MEDIUNIDADE DO OGÃ *

Os Ogãs ao “puxarem” os pontos, contam com a intermediação dos Guias Espirituais que fazem parte de sua Coroa para dar sustentação energética e ajudar na “ancoragem” da força da Linha de Trabalho que esta sendo saldada naquele momento.

Essa sintonia entre os Ogãs e seus Guias, quando realizada com atenção e de forma concentrada, faz com que os Cantos e Toques executados entrem em total harmonia com as energias espirituais atuantes durante os trabalhos espirituais.

Existe também Guias que trabalham na Curimba, mas que não trabalham nas conhecidas Linhas de Trabalho da Umbanda (Caboclos, Eres, etc…). Eles se apresentam como negros e negras altos e fortes e são considerados Mestres do Toque e do Canto que se aproximam dos Curimbeiros durante as Giras para auxiliar em seu trabalho.

OBRIGAÇÕES DOS OGÃS

• Estar em total sintonia com o Comando do Trabalho, seja ele físico ou espiritual.

• Saber aplicar os devidos Pontos nas horas certas, movimentando corretamente as energias durante os trabalhos.

• Zelar pelo Atabaque tendo consciência que é um Instrumento Sagrado.

• Se vestir de branco como os outros médiuns.

• No seu dia a dia deve sempre estudar os Toques, as Melodias e Letras dos Pontos procurando um constante aperfeiçoamento.

• Conhecer todos os Toques e tipos de Pontos necessários para a realização dos Trabalhos.

• Antes do início dos Trabalhos Espirituais Firmar a Curimba. No caso de nossa Tenda, os Ogãs devem acender uma vela preta ao lado de um copo de pinga do lado esquerdo de seu Atabaque pedindo proteção ao seu Exu Guardião. Algumas casas adotam um procedimento diferente: ao invés de acender uma vela para a Esquerda, pedem a seus Ogãs que acendam, também ao lado de seu Atabaque, uma vela ao seu Orixá de Cabeça.

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• Ter consciência do importância da Curimba para a perfeita harmonia dos Trabalhos Espirituais.

TIPOS DE PONTOS

• Firmeza – pontos tocados após o a Abertura do Trabalho para pedir permissão aos Orixás para trabalhar com seus Guias (Pretos Velhos, Caboclos, etc).

• Coroa – pontos direcionados aos Guias Chefes dos Terreiros.

• Chamada – pontos cantados no momento da incorporação dos Guias.

• Saudação – pontos de exaltação as qualidades de determinado Guia Espiritual.

• Sustentação – pontos cantados para manter a sustentação energética dos Trabalhos. Nesta categoria entram a maioria dos Pontos.

• Subida – pontos cantados para a desincorporação dos Guias.

TOQUES DE ATABAQUE

Basicamente temos Cinco grupos de Toques de Atabaques que são utilizados no acompanhamento dos Cantos durante a execução dos Pontos:

• Nagô – Toque com certa levada afro, é um dos toques mais utilizados.

• Ijexá – Muito utilizado na Linha das Águas.

• Barra vento – Com características militares, ligado ao Orixá Iansã.

• Angola – Primeiro toque introduzido na Umbanda, a maior parte dos Pontos é tocado nesse toque, tem certa semelhança com o Samba.

• Congo – Com levada Afro e normalmente tocado rápido e com muita energia.
Cada grupo de Toques é constituído de um toque base e variações.

Notas:
1 – Severino Sena – “ABC do Ogã”. 2 – Entrevista com a neta do médium Zélio de Moraes – “Jornal Umbanda Sagrada”. 3 – Rubens Saraceni • ‘Doutrina e Teologia de Umbanda Sagrada”.
4 – Ensinamentos de Vovó Catarina. 5 – Lurdes de Campos Vieira – Rubens Saraceni – “Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista. 6 – Instruções de Maria Padilha. 7 – Severino Sena – ‘ABC do Ogã”.
Para saber mais sobre o canto e o toque na Umbanda, leia o livro ABC do Ogã, de Severino Sena.
O livro, publicado pela Madras Editora, está em sua 2a edição revisada e ampliada.

 

Dani Machado

Umbandista, espiritualista e simpatizante da Ufologia. Médium atuante e Dirigente da CAE Vovó Catarina e Caboclo Ventania - Terreiro de Umbanda situado em Jacareí - SP