Orixá da Cura, da Sabedoria, da Transmutação e da Evolução, Obaluaê significa “rei dos espíritos do mundo material.” O Deus do mistério, inspira medo e respeito. Seu rosto se oculta sob uma vestimenta de palha da costa, material usado em ritos fúnebres da África. Senhor da doença e da cura, pode tirar a vida ou restituí-la. Obaluaê está associado a São Lázaro na Umbanda.
Obaluaê tem o dom da cura e das pestes, utensílio que o Grande Pai utiliza quando precisamos aprender a nos apegar mais ao espiritual, ao amor ao próximo, ao altruísmo. Infelizmente aprendemos muito pouco pelo amor, e ainda precisamos da dor para nos educar. Ele é o “Senhor das Passagens” de um plano para outro, de uma dimensão para outra, e mesmo do espírito para a carne e vice-versa.
Obaluaê é quem estabelece o cordão energético que une o espírito ao corpo (feto), que será recebido no útero materno assim que alcançar o desenvolvimento celular básico (órgãos físicos).
Sincretismo: São Lázaro
Sexo: Masculino
Cor: Branco, preto
Características: Pede-se pelas doenças, pela cura ou alívio e afasta espíritos zombeteiros.
Ervas: Folha de Omulu (canela de cachorro), mamona, arruda, sete-sangrias e 5 chagas
Guia: contas de cristal ou de contas brancas
Oferenda: pipoca feita na areia com fatias de coco regada com mel, água mineral, vinho tinto, milho, canjica branca, etc
Local: terra, cemitério (calunga pequena), mar (calunga grande) e caverna.
Comemoração: 16 de agosto
Saudação Obaluaê: Atotô Obaluaê!
Complementando o texto acima
Em termos mais estritos, Obaluaê é a forma jovem do Orixá Xapanã, enquanto Omolu é sua forma velha. Como porém, Xapanã é um nome proibido tanto no Candomblé como na Umbanda, não devendo ser mencionado pois pode atrair a doença inesperadamente, a forma Omolu é a que mais se popularizou e acabou sendo confundida não apenas com a forma mais velha do Orixá, mas com sua essência genérica em si.
Esta distinção se aproxima da que existe entre as formas básica de Oxalá: Oxalá (o Crucificado), Oxaguiã a forma jovem e Oxalufã a forma mais velha. A figura de Omolu-Obaluaê, assim como seus mitos, é completamente cercada de mistérios e dogmas indevassáveis. Em termos gerais, a essa figura é atribuído o controle sobre todas as doenças, especialmente as epidêmicas. Faria parte da essência básica vibratória do Orixá tanto o poder de causar a doença como o de possibilitar a cura do mesmo mal que criou.
Em algumas narrativas mais tradicionalistas tentam apontar-se que o conceito original da divindade se referia ao deus da varíola, tal visão porém, nos parece uma evidente limitação. A varíola não seria a única doença sob seu controle, simplesmente pôr ser a epidemia mais devastadora e perigosa que conheciam os habitantes da comunidade original africana, onde surgiu Omolu-Obaluaê, o Daomé. Assim, sombrio e grave como Iroco, Oxumarê (seus irmãos) e Nanã (sua Mãe), Omolu-Obaluaê é uma criatura da cultura jeje, posteriormente assimilada pelos iorubas.
Enquanto os Orixás iorubanos são extrovertidos, de têmpera passional, alegres, humanos e cheios de pequenas falhas que os identificam com os seres humanas, a figuras daomeanas estão mais associadas a uma visão religiosa em que distanciamento entre deuses e seres humanos é bem maior.
Quando há aproximação, há de se temer, pois alguma tragédia está para acontecer, pois os Orixás do Daomé são austeros no comportamento mitológico, graves e conseqüentes em suas ameaças. A visão de Omolu-Obaluaê é a do castigo.
Se um ser humano falta com ele ou um filho-de-santo seu é ameaçado, o Orixá castiga com violência e determinação, sendo difícil uma negociação ou um aplacar, mais prováveis nos Orixás iorubas.