De todas as religiões que conheço, não vejo nenhuma outra que se disponha a enfiar a mão tão fundo no lixo para ajudar ao seu semelhante quanto a Umbanda.
Nem vejo nenhuma outra fazer uma reciclagem tão ampla quanto a Umbanda.
Muitas das religiões, mais novas ou mais velhas vêm, gradativamente, despejando cada vez mais seres perdidos, iludidos ou desiludidos, desequilibrados e inúteis após seu desencarne terreno para plano espiritual.
Todos estes sinônimos se resumem em uma única palavra: lixo. Historicamente falando, quando a existência da comunicação era admitida pelas seitas e filosofias mais antigas que conhecemos, o auxílio dado aos seguidores de uma religião era simplificado. No entanto, com a expansão do poder dos colonizadores vieram novos conceitos e, o antes natural tornou-se então proibido.
Trata-se do tempo tão conhecidos por todos, o tempo da Inquisição.
Aqueles que praticavam as comunicações (os médiuns) com os recém nomeados demônios eram caçados e mortos. E o que estas novas religiões trouxeram para ocupar esta enorme lacuna? Nada. Sem o desenvolvimento da mediunidade, milhares e milhares de almas passaram por encarnações conturbadas, perseguidos por obsessores, sem encontrar um meio de reverter esta situação. Encarnando com problemas e desencarnando de forma pior ainda, não era possível nenhuma espécie de desenvolvimento íntimo de moral ou renovação dos verdadeiros conceitos cristãos. Imersos em seu desespero, estas almas são comparadas ao lixo que ninguém mais tem coragem de remover para dar um fim socialmente correto.
Muitas são as casas espíritas nesta Terra abençoada, mas é curioso observar que quando aparece nestas casas um irmão “insano e arredio” não são todas estas que o assumem e lidam com ele do começo ao fim.
Uma boa parte tenta afastá-lo dizendo “deixa isso para aqueles da Umbanda”.
Mas, meus irmãos, se ninguém coletasse os sacos de lixo que colocamos semanalmente em frente as nossas portas, o CAOS tomaria conta, trazendo pestes, pragas, doenças físicas de todos os modos. Se ninguém auxiliar estes irmãos que ao longo dos séculos vêm sofrendo, um CAOS ainda pior poderá se instalar.
Pior por que para as enfermidades do corpo nossos médicos possuem a cura, mas para as da alma, quem a possui?
Nós, médiuns trabalhadores! Os guias Umbandistas vão até o pior lugar imaginável para resgatar aquele que merece; nós, médiuns Umbandistas, cedemos com alegria no coração o nosso próprio corpo para o auxílio destes coitados.
Nós os aceitamos como estiverem e fazemos tudo para recuperá-lo e ajudá-lo em sua evolução.
Somos, portanto, o lixeiro que recolhe, recicla e devolve para o mundo algo maravilhoso. Serviço este que, infelizmente, são poucos os outros que também se propõe a fazer. Este apontamento, embora correto, não é o único que precisamos ter em nossas mentes.
Não devemos ouvir calados comentários maldosos ou infelizes sobre nossa religião. Nós somos parte da elite da sociedade.
Somos doutores formados por Olorum! Imagine um hospital.
Entram simultaneamente dois pacientes: o primeiro, sofrendo de uma dor de cabeça; o segundo, todo arrebentado devido a um grave acidente automobilístico.
Como estes pacientes serão tratados?
O primeiro passará por um médico que lhe proporcionará um remédio para aliviar a dor. Enquanto isso será feitos exames detalhados que, com calma, serão analisados para a escolha do melhor tratamento a ser aplicado.
Existe o tempo, existem os recursos…
O segundo, passará por uma avaliação rápida. Se constatada a necessidade, será imediatamente operado.
As decisões dos médicos devem ser mais rápidas, e, consequentemente, sem os recursos de exames mais detalhados, existe pressão e responsabilidades maiores.
Pois eu digo que os médiuns e os guias da Umbanda formam a equipe que atende as emergências.
Lidamos com situações terríveis e, por isso mesmo, temos de nos desenvolver como os melhores profissionais.
Somos uma equipe de doutores!
No hospital de Deus não existe equipe mais importante ou menos importante.
Todas trabalham para a recuperação dos filhos Dele.
Todos, mas cada um com sua obrigação, cada um na sua especialidade!
Sou Umbandista – Lixeiro e Doutor – Graças a Deus!
Texto de Augusto Ventura.