“-(…) o chefe acha que espiritismo não é pra perder tempo, que o espírito baixa, é pra fazer caridade, ou pra ensinar, o chefe não sai daí, ou pra ensinar, ou pra fazer caridade…”
Assim como em outros assuntos pertinentes aos fundamentos da Umbanda praticada na Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade, muito tem se falado sobre o não uso de atabaques e instrumentos musicais na tenda máter da Umbanda bem como nas poucas casas que seguem a vertente do Caboclo das Sete Encruzilhadas.
O problema é que muitas vezes a explicação dada é sempre baseada em suposições duvidosas e infundadas , para justificar na maioria das vezes, o uso desses instrumentos.
Com o mesmo intuito que postei os textos sobre o ritual de Amaci, sobre o culto aos Orixás e à linha de Exu, venho disponibilizar este arquivo de áudio de grande importância, contendo o real motivo da TENSP não usar atabaques nas suas atividades mediunicas até hoje, mais de 100 anos após a manifestação do seu Chefe.
Após a dissertação de Jota Alves de Oliveira e de uma troca de idéias entre o jornalista, Zarci (filho de Zélio ) e Lilia Ribeiro sobre o assunto, Zélio se manifesta aos 13min de aúdio, pela segunda vez e expõe de maneira clara a opinião do Caboclo das Sete Encruzilhadas:
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-”Bater tambor para fazer bonito, escutar e todo mundo…não é pra nossa Umbanda, espírito não perde tempo, quando baixa é pra fazer caridade, o Chefe não aceita e eu não saio fora do Chefe...”
Fica mais do que claro com este arquivo , que a política da Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e de Zélio de Moraes de não usar atabaques e qualquer outro tipo de instrumento musical em seus rituais de Umbanda, em nada tem a ver com possíveis crises de labirintite do dirigente desta casa, ou ainda, pela repressão policial existente na época da fundação da TENSP…, e sim por motivos doutrinários, ensinados pelo próprio Caboclo das Sete Encruzilhadas, onde se entende que o uso de atabaques, tambores e demais instrumentos geram um ambiente pernicioso à concentração e diciplina exigida para o desenvolvimento dos médiuns e da execução dos trabalhos.
O umbandista mais atento, percebe que esta postura do Caboclo é perfeitamente aplicada a outros assuntos pertinentes aos rituais de Umbanda, como a adoção de adereços, roupas, o desenvolvimento mediunico e de certas atitudes hoje muito comuns ,assim como polêmicas e questionáveis, tomadas pelos espíritos que baixam nos trabalhos de diversos terreiros pelo Brasil afora e que enchem os fóruns e comunidades de discussão na internet.
Mais uma vez, reafirmo que a Umbanda e a sua história precisam ser estudadas pelos seus integrantes e dirigentes , pois só assim poderemos chegar a um respeito real , reconhecendo as diferenças e divulgando os reais entendimentos que fundamentam as práticas de cada vertente.
Pedro K.