Eu sou um espírito muito antigo; Eu não sou um velho, eu sou apenas um espírito um pouco mais evoluído; e é por isso que eu falo tão manso. É por isso que todos pensam que eu sou um velho.
Hoje é um dia muito especial para mim, para um ser que nunca teve uma palavra de carinho, um consolo…
Eu sou o senhor Omulu, eu sou o Orixá que tantos misturam. Mas não precisam ter medo de mim, eu apenas sou mal interpretado; mas hoje, eu estou tão emocionado como um adolescente, como um pequeno menino…
Hoje eu sou um espírito Cristalino. Eu Sou da esquerda, mais sou um Orixá, sou um Guia de Lei de Umbanda e trabalho, não doente e deitado, mais eu trabalho para curar os espíritos das mazelas que a alma humana traz em seu mais profundo ser. E quem me viu chegar, quem conseguiu captar minhas energias, sabem que são leves e cristalinas; mas quem tem o coração pervertido, as sentem escuras e pesadas, de quando eu era um espírito encarnado. E passa a sentir as minhas provações. Muitos filhos me recebem em suas searas deitado e com o rosto coberto. Pois dizem as lendas dos encarnados, o que não é verdade… O nome já diz; “que é uma lenda”, e as lendas são utopias, são fantasias criadas pelas mentes doentias dos seres humanos. Pois bem, dizia que, quem olhasse diretamente para a minha face, a face de quem estivesse incorporado comigo, me veria como era na carne; veria um espírito deformado, sem face, e só com os ossos do crânio a mostra. Tenha a santa paciência!!
Esses, na verdade, são os videntes que não vêem nem a sua própria sombra, quanto mais a nossa visão.
Espíritos como o meu que, a muito se despiu da matéria grosseira, e se tornou cristalino e quase límpido, brilhante mesmo, pois luminosos mesmo, só os Anjos do alto; e esses que nos vêem assim, não vêem realmente nada, pois eles têm o coração e a alma escura; pois quem tem a alma e o coração cristalino como o seu, nos vê, e nos sente como um facho cintilante de uma luz clara, que muitas vezes tens que fechar os olhos, pois quase te cega momentaneamente. (referiu-se a mim a médium). E foi isso que aconteceu e que formou uma enorme confusão, a ponto de nos juntarem, de nos confundirem a dois Orixás dois Guias de direita e de esquerda, que trabalhamos os dois, nos dois pólos, para receber esses sabichões, em suas hora derradeira; pois um de nós, recebe em nível terra, e o outro em nível astral; e encaminha para sua morada de sina, a onde ele merecer ficar. E o outro o guarda na terra, até que seus laços se extinguem do veículo, que ele ocupou na terra. Que é esse monte de nada, que são vossos corpos.
Hoje, é gratificante poder passar para uma escrita, para um papel, tantos ensinamentos profundos e dolorosos; mas que passados, por nós para um aprendizado geral, não nos causa dor, mais sim, nos deixa satisfeitos, em poder separar dois espíritos que, o povo nos tornou um. Eu e meu mano nós somos espíritos de eras diferentes, mas com missões parecidas.
Nós viemos à carne para fazer, e passar por tudo o que nós passamos. Foram tantas aberrações com nossas formas, foram tantas asneiras que, até em um santo me tornaram.
Mas isso, pouco nos importa; os sacramentos terrenos, nada nos servem, não vale nada para nós; quando nos deparamos no mundo dos espíritos, quando nos libertamos do corpo e voltamos para a nossa verdadeira e derradeira morada… E os santos? Ah! Esses só ficaram na face da terra, pois aqui em nosso reino, o Senhor do Universo, não nos conclama como santo esse ou santo aquele; Ele apenas nós dá, aos que realmente trabalha em favor dos seus irmãos, ele nos dá apenas, alguns degraus a mais do que os outros. E eu tenho os mesmos degraus de meu mano. (O Senhor dos Mortos Obaluaê). Eu o chamo assim, pois somos irmãos de jornada, somos irmãos de sina; tanto em espírito como quando nós fomos na carne. Pois nossos padecimentos foram quase iguais. E é por isso a confusão.
Mas hoje, se pararmos para pensar, nós veremos quantas eras nos separa um do outro.
Eu sou antes dele. Digamos assim, eu antecedi sua passagem na carne, e só nos juntamos em nosso eixo de separação.
Quando um ser, está fazendo a sua passagem, eu estou esperando lá, no tal campo santo. Eu e meus auxiliares, que são muitos. E quando o laço se rompe totalmente, é ele, o senhor dos mortos (Obaluaê) que recebe o tão esperado espírito, e o encaminha a sua morada; e de lá, outro irmão de sina, em um degrau a mais que o nosso, o leva para o alto, ou o arrasta para mais abaixo, dos degraus, que são as alas de perversão.
E é assim que nós trabalhamos. Nunca um Guia, um Orixá trabalha sozinho, nós sempre trabalhamos em conjunto, ou com nossos irmãos de jornada; ou com nossos auxiliares.
Nós não nos importamos de ser confundidos um com o outro, só que é melhor quando somos separados; e quando podemos explicar tudo para todos.
por: Margaret Souza.