Nesta lenda sobre o Orixá Exu, Orunmilá tinha três filhos: Ogum, Xangô e Exu.
Este último era muito briguento, vivia lutando. Ele era diferente porque não era filho de Iemanjá, deusa do mar, mas de Oxum deusa do oráculo e da adivinhação. Um dia Exu disse à mãe que estava com fome e queria comer um animal doméstico; ela consentiu, mas a fome não passou. Exu comia o que via pela frente: árvores, pastos, animais, chegou até mesmo a comer o mar. Quando estava para comer o céu, Orunmilá ordenou a Ogum que matasse o irmão, assim foi feito, e a paz voltou a reinar temporariamente.
Depois disso, o pouco que sobrou dos rebanhos foi dizimado pelas pestes, as colheitas não produziam frutos e os homens caíam doentes.
Um sacerdote de Ifá consultou o opelé Ifá e este respondeu que Exu estava com ciúmes e queria mais atenção, mesmo em forma de espírito.
Desse dia em diante, nenhuma oferenda foi possível sem que Exu fosse servido em primeiro lugar.
Exu é o mais astuto dos orixás. Ele adora provocar desentendimentos e discussões, aprecia muitíssimo as oferendas que são consagradas a ele e, caso não lhe seja oferecido, seu espírito brincalhão não demorará a criar encrencas. Certa vez, diz uma lenda, dois camponeses amigos esqueceram-se de fazer sua oferendas na segunda-feira. Eles eram vizinhos, sendo sua terras separadas por uma grande porteira. Exu colocou sobre a cabeça um chapéu pontudo de duas cores, de um lado vermelho e de outro branco, e foi passear nas fazendas, andando por cima da cerca.
Cumprimentou o trabalhador da esquerda e depois o da direita.
Assim que Exu foi embora, os dois comentaram sobre o chapéu, que era grande e pontudo, chamando a atenção; houve muita confusão, porque um afirmava que era branco e o outro que o chapéu era vermelho. Os dois tinham razão em defender seu ponto de vista e, irritados, atracaram-se até a morte. Exu apareceu, dando uma grande gargalhada.
Ele havia se vingado dos dois. Apesar da lenda mostrar este lado, digamos, perverso de Exu, ele pode ser o mais benevolente dos Orixás se tratado com respeito e consideração pelos humanos.